No dia 7 de março de 2024, durante um evento de jogos no Rio de Janeiro, foi criada a Associação de Mulheres na Indústria de Jogos (AMIG). Atualmente, a entidade já conta com 725 mulheres associadas, vindas do Brasil, Portugal e de diversos outros países interessados no crescente e cada vez mais regulamentado setor de jogos brasileiro. A implementação completa das regulamentações no Brasil é esperada para janeiro de 2025. AMIG, em português, soa como a palavra “amiga”.

Três das seis fundadoras da associação conversaram com a SiGMA News sobre o trabalho realizado, que inclui eventos, networking, workshops e apoio ao sucesso das mulheres no setor. Teresa Caeiro, de Portugal, e as brasileiras Bárbara Teles e Ana Helena Pamplona afirmaram estar unidas pelo desejo de criar um espaço seguro para as mulheres, onde possam trocar conhecimentos e experiências livremente.

“Pensamos que seria interessante ter um suporte, um espaço onde as mulheres se sentissem acolhidas, onde pudéssemos nos encorajar mutuamente e fazer mais coisas juntas,” explicou Caeiro.

Cerca de 90% das mulheres associadas são brasileiras ou portuguesas, e os 10% restantes vêm de outros países da Europa e das Américas, devido à barreira linguística do português, segundo Caeiro. A AMIG utiliza redes sociais e seu site para conectar mulheres. “Temos um grupo no WhatsApp e trocamos cerca de 200 mensagens diárias com dúvidas sobre a indústria,” afirmou ela.

O pilar da educação

Um dos pilares da associação é a educação. “Queremos oferecer às mulheres a oportunidade de aprender mais sobre esse setor, avançar em suas carreiras e fazer tudo isso em um espaço seguro. Elas podem fazer todas as perguntas que quiserem, sem julgamento ou medo de parecerem tolas. Todos se sentem confortáveis ali,” explicou Caeiro.

A AMIG oferece workshops online sobre diversos temas relacionados à indústria de jogos. Por exemplo, convidaram representantes da Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA), do Ministério da Fazenda, para discutir regulamentações. “Executivos de alto nível e chefes de diferentes setores da indústria tornam este ambiente muito educativo e saudável,” compartilhou Caeiro. Um agente de talentos da associação também envia ofertas de emprego e fornece orientações sobre o mercado, oferecendo dicas para o desenvolvimento profissional.

Em busca da igualdade

Pamplona destacou a participação das mulheres em eventos e painéis do setor. “Infelizmente, os eventos da nossa indústria ainda têm predominantemente homens como palestrantes. Ajudamos a indicar mulheres, para que sempre haja pelo menos uma mulher em cada painel,” disse ela, acrescentando: “Acredito que esse sentimento de pertencimento é muito importante.”

“O papel da associação é trazer esse tema para a conversa, refletir e promover mudanças. E, para isso, também precisamos dos homens ao nosso lado. Acreditamos que a mudança deve ser construída por todos. Até pouco tempo atrás, as mulheres nem faziam parte das discussões nos cargos de liderança do setor, e acho que isso está evoluindo,” afirmou Caeiro.

Pamplona enfatizou: “É isso que queremos. Igualdade. Começamos com uma mulher falando nos painéis, depois talvez duas, três, e então painéis com mais mulheres do que homens. Não como imposição, mas como consequência lógica do crescimento das mulheres em suas carreiras.”

As mulheres agora têm mais oportunidades, segundo Pamplona. Elas estão se destacando em suas carreiras e merecem cada vez mais uma voz ativa. “É uma questão de meritocracia; será uma mudança natural, fruto do trabalho que as mulheres estão construindo,” ela disse.

Pamplona acrescentou: “Elas estão se aperfeiçoando em suas profissões e merecem cada vez mais espaço à mesa.”

A AMIG também recebe denúncias de assédio sexual de mulheres na indústria de jogos. “Tentamos ajudar ao máximo, oferecendo aconselhamento e orientando sobre as alternativas para apresentar queixas dentro das empresas. Às vezes, quando estamos nessa posição, não sabemos exatamente como agir. A AMIG tem um papel importante nisso também. Somos uma mão amiga para todas as situações, boas e ruins. Celebramos as vitórias e choramos as tristezas juntas,” compartilhou Caeiro.

Superando barreiras

Segundo Bárbara Teles, a qualificação profissional é o maior desafio para as mulheres na indústria de jogos. “O setor ainda está se profissionalizando no Brasil, então é um desafio para as mulheres estarem à frente, o que torna nossos workshops tão importantes,” disse Teles.

Outro desafio mencionado por Teles é o reconhecimento da importância das mulheres na indústria. “Este foi um ano de avanços significativos nessa área, mas ainda há um longo caminho a percorrer, e acredito que a AMIG desempenhará um papel essencial nisso,” afirmou ela.

Para quem deseja se associar à AMIG, a adesão é gratuita. Basta preencher um formulário no site da associação.

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