Na Austrália, o ex-chefe veterinário da Greyhound Racing New South Wales (GRNSW), Alex Brittan, decidiu denunciar o abuso recorrente de animais na indústria. Após suas revelações, o CEO da GRNSW, Robert Macaulay, renunciou.

Abuso animal

Alex Brittan, ex-chefe veterinário da GRNSW na Austrália, deixou de trabalhar para o órgão regulador seis meses atrás, no final de 2023. Na terça-feira, 9 de julho, o Sydney Morning Herald publicou trechos de sua carta de saída indignada. Brittan descreveu a indústria como um “pântano de exploração e sofrimento”. Ele afirma que os galgos enfrentam uma carga de trabalho excessiva e cruel, além de um aumento substancial de lesões. Chocantemente, ele também afirma que muitos veterinários contratados para cuidar dos cães optaram por eutanasiá-los em vez de fornecer cuidados médicos.

Brittan revela que os cães aposentados, supostamente realocados e vivendo felizes para sempre – segundo autoridades da indústria – nunca foram realocados de fato. Ele relata que inúmeros corpos de cães mortos foram armazenados em instalações veterinárias sem documentação.

O veterinário também descreve marcas profundas de garras espalhadas por dentro de gaiolas de metal e poças recentes de sangue de unhas arrancadas ao arranhar as portas da gaiola.

“Até que o backlog existente de galgos não realocados seja reconhecido e abordado, é absolutamente imoral permitir que mais galgos entrem neste pântano insustentável de exploração e sofrimento”, escreveu Brittan.

Ele conclui dizendo: “O nível de angústia animal é terrível e não pode ser nem tolerado nem desculpado. É completamente lamentável que uma indústria que gera AUD 3,8 bilhões por ano possua gaiolas e instalações tão podres e enferrujadas”.

CEO da GRNSW renuncia, investigação é lançada

Horas após a publicação da carta de Alex Brittan no Sydney Morning Herald, o CEO da GRNSW, Rob Macauley, renunciou. “A decisão de Macauley de renunciar foi amigável e ele sentiu que era o melhor para a indústria neste momento”, afirmou o regulador.

Na quinta-feira, 11 de julho, Lea Drake foi nomeada comissária interina da Greyhound Welfare and Integrity Commission (). Ela já trabalhou com tribunais de má conduta, a Fair Work Commission e uma comissão de conduta de aplicação da lei. Drake liderará a investigação desencadeada pela carta de Brittan e reportará ao Ministro de Jogos e Corridas, David Harris, até 13 de dezembro.

Harris declarou que também entrou em contato com autoridades relevantes como a Comissão Independente Contra a Corrupção. Ele também garantiu que, daqui para frente, o ministério terá mais controle e supervisão sobre o conselho da GRNSW. “Estou absolutamente comprometido em garantir uma indústria de corridas de galgos competitiva, responsável e sustentável, com os mais altos padrões de bem-estar animal e integridade”, disse Harris. “É importante que os órgãos governantes e a liderança sênior dos códigos de corrida atendam a esses padrões. Levo muito a sério essas várias preocupações sobre a GRNSW, e esta investigação, utilizando os plenos poderes investigativos da GWIC, conduzirá uma revisão abrangente e ampla de todas as questões relevantes”.

Não é a primeira vez

Esta não é a primeira vez que a indústria de galgos em Nova Gales do Sul enfrenta um escândalo relacionado ao bem-estar dos cães. Em 2016, um vídeo extremamente gráfico mostrou como a indústria tratava os cães de corrida. Após a divulgação desse vídeo, o parlamento decidiu banir as corridas de galgos no estado, com 49 votos a favor e 30 contra. A lei foi aprovada rapidamente pelo parlamento, e os infratores enfrentaram uma sentença de um ano de prisão e uma multa máxima de US$ 11.000 por organizar uma corrida.

No entanto, Mike Baird, então Premier de Nova Gales do Sul, reverteu a decisão alguns meses depois após enfrentar forte pressão da indústria e de vários veículos de mídia, que contavam com a receita de publicidade de apostas.

“Uma última chance” para consertar tudo, disse Baird, oito anos atrás.

PRÓXIMOS PASSOS: A Conferência SiGMA Leste Europeu, patrocinada pela Soft2Bet, acontecerá em Budapeste de 2-4 de setembro de 2024.

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