Uma pesquisa da Universidade de Queensland revelou que as chances de as apostas esportivas, historicamente consideradas uma prática masculina, passarem por uma mudança estão aumentando.
O Centro Australiano de Pesquisa em Jogos de Azar constatou que quase 9 em cada 10 apostadores regulares em esportes, a forma de jogo que mais cresce no país, são homens. Esse cenário representa o maior desequilíbrio de gênero em qualquer tipo de jogo de azar na Austrália. A pesquisa foi conduzida pelo candidato a doutorado Rohann Irving, da Escola de Ciências do Movimento Humano e Nutrição da UQ, que analisou as estratégias das empresas de apostas esportivas para atrair mulheres.
Os resultados mostram que essa predominância masculina está historicamente ligada ao fato de as apostas esportivas estarem restritas a locais como agências de totalizadores (TABs) ou áreas de apostas em bares, geralmente dominados por homens. No entanto, “a tecnologia, como os smartphones, tornou o jogo muito mais acessível para as mulheres”, afirmou Irving.
A pesquisa constata que as empresas de apostas esportivas estão tentando aproveitar essa mudança.
Empresas de apostas esportivas mirando o público feminino
As empresas de apostas esportivas estão tentando capitalizar essa mudança ao “mirar no público feminino com apostas de entretenimento, como quantos prêmios Taylor Swift ganhará no Grammy deste ano. Recentemente, também surgiram mercados de apostas em vencedores de reality shows como “Love Island”, numa possível tentativa de envolver mais mulheres.”
Irving explicou que o atual desequilíbrio de gênero está enraizado nas práticas de apostas da era colonial na Austrália. Nos primórdios da legislação de jogos de azar no país, as mulheres eram explicitamente excluídas. Além disso, o jogo se desenvolveu em uma sociedade predominantemente masculina, onde a tomada de riscos e a competição eram celebradas.
A lei de 1906 que legalizou a concessão de licenças para casas de apostas incluía uma disposição explícita tornando ilegal aceitar apostas de mulheres.
Irving destacou: “Embora as mulheres sejam bem-vindas em hipódromos há muitos anos, historicamente elas eram tratadas como meros adornos em eventos de corrida.” Essa dinâmica refletia os papéis sociais da época e consolidava as apostas esportivas como uma esfera predominantemente masculina.
Apesar disso, Irving acredita que a natureza de gênero das apostas esportivas pode mudar no futuro, com os smartphones desempenhando um papel crucial.
Os smartphones estão revolucionando as apostas esportivas ao torná-las acessíveis para um público mais amplo, especialmente mulheres. Com mais mulheres utilizando smartphones e se engajando em atividades online, as plataformas de apostas têm registrado um aumento no número de usuárias.
“De certa forma, essa mudança representa as mulheres ganhando acesso a uma prática de jogo da qual historicamente foram excluídas”, afirmou Irving.
“No entanto, esse fato também reflete um maior risco de que as mulheres sofram os muitos danos causados pela cultura de apostas da Austrália. O fato de as empresas de apostas esportivas estarem mirando o público feminino e as estratégias que utilizam para isso é uma mudança que deve ser analisada com cautela.”
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