PF descobre R$ 250 mil movimentados em esquema de manipulação na Série D
Em 2024, o futebol brasileiro foi afetado por mais um escândalo: a manipulação de resultados na Série D do Campeonato Brasileiro, envolvendo o Clube Atlético Patrocinense. O caso foi revelado pela Operação Jogo Limpo da Polícia Federal (PF) e expõe uma rede de corrupção que vai desde os jogadores até os dirigentes e investidores, na tentativa de influenciar as partidas de futebol em favor dos apostadores envolvidos.
O jogo que chamou a atenção das autoridades foi a derrota do Patrocinense para a Inter de Limeira por 3 a 0. Segundo o relatório emitido pela Sportradar, empresa especializada em análise de dados de apostas, foram detectadas movimentações financeiras atípicas em mercados relacionados ao resultado parcial da partida. Alguns apostadores estavam prevendo com muita precisão que o Patrocinense estaria perdendo por ao menos dois gols no primeiro tempo, algo que, de fato, aconteceu. Com previsões tão precisas e um resultado idêntico, obviamente levantou suspeitas de manipulação, levando à investigação da Polícia Federal.
De acordo com informações divulgadas, cerca de R$ 250 mil foram movimentados por apostadores no esquema, que foi descoberto antes mesmo de gerar retorno financeiro. A investigação resultou em 11 mandados de busca e apreensão em diversas cidades do país, incluindo Patrocínio (MG), São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ).
Os envolvidos e as acusações
O inquérito conduzido pelo auditor Rodrigo Aiache Cordeito do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) apontou o envolvimento de seis pessoas no esquema de manipulação:
Estevam Soares – Técnico do Patrocinense na época;
Richard Sant Clair Silva (Richard Bala) – Ex-zagueiro que atuou na partida contra a Inter de Limeira;
Felipe Gama Chaves – Ex-goleiro do time, atualmente no Darmstadt, da Alemanha;
Rodolfo Santos de Abreu (Dodô) – Auxiliar técnico;
Anderson Ibrahin Rocha – Dirigente responsável pela gestão do futebol do clube;
Marcos Vinícius da Conceição – Possível investidor ligado ao esquema.
Os acusados foram enquadrados em artigos do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD). Entre as acusações estão o artigo 242, que pune a conduta de prejudicar deliberadamente a equipe, e o artigo 243, que torna ilegal oferecer vantagens indevidas para influenciar resultados. As penas incluem multas de até R$ 100 mil e suspensões que podem chegar a 360 dias.
Impactos na integridade do futebol brasileiro
As fraudes relacionadas a apostas não é algo novo, mas a cada caso que é descoberto, reforça ainda mais a necessidade de medidas mais rigorosas para proteger a integridade das competições esportivas. A popularização das apostas esportivas no Brasil, impulsionada pela regulamentação do setor em 2018, ampliou os riscos de manipullação de resultados. Empresas como a Sportradar desempenham um papel muito importante no combate a esses crimes. Essas organizações monitoram dados de apostas e identificam padrões suspeitos que indicam manipulação. Apenas no ano de 2023, a Sportradar apontou mais de 100 partidas suspeitas no Brasil.
Após a conclusão do inquérito, o auditor encaminhou o relatório para a Procuradoria de Justiça Desportiva, que deve formalizar as denúncias contra os nomes citados. Além disso, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas também está investigando casos parecidos, com foco em identificar furos na legislação que permitem a ocorrência de fraudes. Em depoimento à CPI, o presidente da Patrocinense, Roberto Avatar, afirmou que o clube rompeu contrato com a empresa responsável pela gestão do futebol logo após a partida. Avatar também mencionou a estranheza de dois gols sofridos pelo time, mas defendeu que apenas uma investigação aprofundada poderia apontar os reais culpados.
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